sábado, 13 de agosto de 2011

Yeshua e Jesus são a mesma pessoa?

YESHUA X JESUS


Existem duas questões distintas, que alguns infelizmente teimam em misturar - não por orientação nossa, mas quer por ignorância quer por teimosia mesmo:

Uma coisa é o personagem “Jesus” do Cristianismo tradicional, um europeu branco caucasiano, comedor de tudo o que YHWH declarou imundo, violador da Torah, que fundou uma nova religião, jogou os judeus no inferno e basicamente prega a anomia.
Em volta desse personagem, há uma fé de sincretismo religioso, misturando paganismo a um filamento de fé bíblica.

Os seguidores de tal fé são fortemente encorajados a NÃO viverem uma vida de obediência aos preceitos da Torah.

Esse personagem, na visão Israelita do Caminho, é o falso messias sobre o qual as Escrituras nos alertaram.

Agora vamos para o substantivo “Jesus”, do ponto de vista puramente lingüístico: É uma tentativa de transliteração e adaptação lingüística do nome Yeshua. Vamos explicar como se formou:

Yeshua > Yesua
(o grego não tem o fonema /sh/, portanto foi adotado o fonema /s/)

Yesua > Iesua
(nenhuma mudança aqui, apenas uma grafia diferente)

Iesua > Iesous
(o sufixo 'a' no grego é feminino), seria equivalente alguém dizer hoje a um brasileiro: vamos seguir a Renata, o “messias”. Seria motivo de piada (o sufixo masculino no grego é 'ous')

Até aqui vimos como o nome hebraico foi transliterado para o grego. Agora vamos ver como o grego foi transliterado para o latim:

Iesous > Iesus
(no latim, o sufixo masculino é 'us' e não 'ous').

Agora, vamos ver como do latim Iesus _ chegamos ao português:
Iesus > Jesus
(em algumas línguas latinas, a grafia da semi- vogal /y/ é feita através da letra 'J'), isso existe até hoje em algumas vertentes do espanhol. Não haveria alteração fonética neste caso.


Jesus > Jesus
(com a alteração fonética influenciada pelo fato de que muitas línguas latinas trazem na letra J o fonema /j/, o fonema sofreu alteração).


Pronto! É simples (nenhuma conspiração dos iluminati, nenhuma sociedade secreta movendo pauzinho, nenhuma influência da opus dei, nenhum deus-cavalo sendo glorificado… Nada).

Apenas transformações lingüísticas puras e simples.
Infelizmente, os autores das teorias conspiratórias às vezes até são bem intencionados, mas são pessoas sem NENHUMA formação em letras (ser poliglota não conta - é preciso entender de lingüística), que acabam dizendo uma sucessão de besteiras por conta de uma ou outra coincidência de grafia.

Lamentavelmente, o fazem sem qualquer respaldo de um profissional de Letras. E quando apresentamos o que apresentei acima, explicando concretamente à origem etimológica, eles engasgam. Não têm respostas. Sim, porque não existem as respostas que eles procuram.

Nos meios messiânicos e Israelita do Caminho, essas teorias conspiratórias ganharam força. Por quê?

Porque o ser humano adora teoria da conspiração. ADORA achar que desmascarou um “sutil plano de HaSatan.” Infelizmente, como diz o chaver Pedro, acabam, de tanto procurar, encontrando pêlos em ovos. Aliás, neste caso aqui, encontram uma vasta cabeleira. Querem ver como é fácil arrumar uma teoria da conspiração sem sentido?

Peguemos o nome Rafael. Nome bíblico que quer dizer “El cura”.
Alguém sem conhecimento de línguas poderia dizer o seguinte:
Ra -> deus-sol do Egito
Fa -> abreviação de 'falo', vem de um culto à masculinidade.
El -> vem de 'Pinel', mostrando que seus seguidores eram loucos.

Pronto! Voilá!
Está armada a nossa teoria da conspiração. Sucessão de baboseiras, evidentemente. Mas alguém que não conhece etimologia poderia acreditar nisso. Aliás, poderia não, acredita. Porque as teorias conspiratórias acerca do nome 'Jesus' são até piores, em termos de lógica e evidências concretas, do que a nossa invencionice acima.
Alguém poderia argumentar que nomes não sofrem tradução. Que quando alguém vai aos EUA, o nome dele continua sendo João, José ou qualquer outro nome. Só que isso é um conceito moderno. E mesmo assim não é 100% difundido. Alguém aqui chama o papa atual de Benedictus XVI? Mas enfim, até poucos séculos atrás, não havia esse conceito.

A coisa mais comum era um nome ser adaptado de um idioma a outro.
Quanto ao termo “Cristo”, ao contrário do que foi postado aqui, NÃO É uma transliteração, mas sim uma tradução.
Transliterar é tentar adequar uma palavra a outro idioma, correspondendo os fonemas originais à grafia no idioma destino. Exemplo: “uârc” é uma transliteração para o português da palavra “work”, no inglês.

Voltando à questão inicial, temos então duas questões:

O personagem “Jesus” do Cristianismo tradicional, e o substantivo próprio “Jesus”.
O problema está no primeiro, não no segundo. Eu posso compor um hino em uma igreja protestante chamando o Jesus cristão de “Yeshua”. Nem por isso estou me referindo a Yeshua HaMashiach tal qual o entendemos. A recíproca é verdadeira. Aliás, os próprios cristãos também admitem que o importante é o personagem e não o nome. Tanto que o Jesus dos mórmons, o Jesus da Nova Era, etc. não são tidos pelo protestantismo como o mesmo personagem da sua crença.


Agora, dentro do exposto acima, alguém poderia argumentar exatamente aquilo que o Jorge colocou: com o passar dos séculos, o nome “Jesus” ficou intimamente associado ao conceito cristão, que é preferível evitá-lo. OK, perfeito. Quanto a isso, eu não tenho qualquer restrição. Desde que a pessoa saiba que o problema está no conceito representado, e não no substantivo. Isso posto, quero apenas respeitosamente discordar em três pontos.

“O nome Jesus é tão santo quanto o nome Yeshua.”

Disso eu discordo. Primeiro porque há kedushá (santidade) no hebraico, como língua celestial. Cremos que o hebraico é a língua de YHWH. Segundo porque o nome Yeshua foi dado pelo anjo, e, portanto é especial. O nome “Jesus” é apenas uma transliteração, que perdeu o significado especial do nome.

“Nesse Nome há poder”.

Disso eu também discordo. Primeiro porque aquele a quem os assembleianos invocam está longe de ser Yeshua, o Mashiach Judeu. Até porque os assembleianos historicamente (pelo menos, no Brasil e nos EUA) são profundamente anti-semitas [como também outros grupos cristãos evangélicos/católicos]. Segundo porque o hebraico tem, por ser língua celestial, força criativa. O grego, latim, ou qualquer outra língua, não partilha dessa característica. E mesmo assim, o poder salvífico não está nas letras do nome de Yeshua, mas sim na autoridade que elas representam.

“Não podemos negar os vários anos de cristianismo, em que pregou-se no nome de Jesus e que vimos manifestar o poder de YHWH usando esse nome.”

Quanto a isso eu também faço uma ressalva. Dependendo do sentido dado à frase acima, poderíamos concordar ou discordar. Explico: Yeshua não age “por meio” do Cristianismo, Yeshua AGE apesar da nossa ignorância.

Isso independe da instituição “Cristianismo” e não a legitima em absoluto. Acontece apenas que YHWH conhece o coração daqueles que o buscam em sinceridade. Se desejarmos seguir o caminho Israelita do Caminhos tem sim que negarmos nossos anos em outra fé.

Isso não significa, evidentemente, negar que YHWH agiu em nossas vidas enquanto ainda andávamos errantes.

Afinal, Efrayim está sendo restaurado aos poucos.

2 comentários:

  1. Muito bom, irmã! Baruch H'Shem!

    http://www.facebook.com/media/set/?set=a.1263329919979.29949.1731685693&type=3#!/

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  2. http://www.facebook.com/profile.php?id=751660748

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